sexta-feira, 19 de março de 2010

UM PRESÍDIO NO PARAÍSO EDITADO

Por Clécio Sobral
O arquipélago de Fernando de Noronha, a 545 quilômetros de Recife, é um verdadeiro paraíso natural em pleno oceano atlântico. Vista do ar, da água ou da terra, a beleza é de encantar qualquer um. Mas muitas pessoas até hoje ainda não sabem que o lugar já foi palco de torturas e opressão. Durante 201 (1737 A 1938) anos, o local serviu de centro de reclusão prisional, a chamada Colônia Correcional. Esse é um dos muitos lados que cercam a história de Noronha.

Hoje, as ruínas tomam conta do antigo presídio noronhense. Segundo a arquiteto Carlos Henrique Uchoa, as construções seguem moldes de alguns prédio europeus. “As portas de entradas e as janelas são inspiradas edificações portuguesas. A fachada era toda emblemática. Possuia uma espécie de brasão, prática comum nos séculos 18 e 19”, disse.

Durante o período de funcionamento da Colônia Correcional, os presos não ficavam algemados nem trancados nas celas, porém viviam com um regime bastante cruel e desumano. Apesar de ficarem soltos pela ilha, eram obrigados a trabalhar para ocupar o tempo com alguma atividade e depois retornar para o centro prisional. Os castigos eram comuns naquela época, segundo afirma a historiadora e pesquisadora oficial do arquipélago, Grazielle Rodrigues do Nascimento. “Quem não obedecia às ordens dos tenentes e dos carcerários apanhavam e, em seguida, mandados para a Ilha Rata, um local cheio de bichos, totalmente escuro e isolado, sem comida nem água doce para beber”.

Nos primeiros anos da casa de detenção, só os presidiários podiam ir para a ilha. Apenas por volta do século 19 que as mulheres passaram a ser mandadas para o local. A Colônia Correcional também serviu de reclusão para alguns grupos sociais marginalizados pela sociedade como, por exemplo, os ciganos e os capoeiristas, considerados perturbadores da ordem pública e má influência.

De 1938 a 1945, o arquipélago, de acordo com historiadora e coordenadora do Programa de Documentação de Fernando de Noronha, Marieta Borges, funcionou como uma espécie presídio político, recebendo algumas pessoas importantes como, por exemplo, o ex-governador de Pernambuco, Miguel Arraes. Mas, segundo Marieta, “o presídio não era bem político como a maioria das pessoas até hoje acreditam. Na verdade, tratava-se de uma prisão para pessoas com penas relativamente longas e que, por ventura, acabou abrigando presos políticos, principalmente durante o período da ditadura militar”.

HOMOSSEXUALIDADE
Era comum naquela época, segundo Marieta Borges, a “inversão de sexo”. Durante o período em que o presídio funcionava a presença masculina era, infinitamente, maior do que a feminina. “Como quase não existiam mulheres, os homens acabavam transando uns com os outros. Os mais jovens e recém-chegados acabavam sendo os alvos dos mais antigos”, explicou a historiadora.


EXIGÊNCIAS DA MATÉRIA
Chapéu: Fernando de Noronha
Título: Um presídio no Paraíso
Sutiã: Centro de reclusão funcionou por cerca de dois séculos
Olho: A “inversão sexual” era um prática comum durante o período em que o presídio funcionava.
Legenda: Por um longo tempo o centro de reclusão de Fernando de Noronha ficou totalmente abandonado e sem qualquer tipo de política de preservação. Ainda hoje há muito o que fazer no local

UM PRESÍDIO NO PARAÍSO

Por um longo tempo o centro de reclusão de Fernando de Noronha ficou totalmente abandonado e sem qualquer tipo de política de preservação. Ainda há muito o que fazer por lá
O arquipélago de Fernando de Noronha, a 545 quilômetros de Recife, é um verdadeiro paraíso natural em pleno oceano atlântico. Vista do ar, da água ou da terra, a beleza é de encantar qualquer um. Mas muitas pessoas até hoje ainda não sabem que o lugar já foi palco de torturas e opressão. Durante 201 (1737 A 1938) anos, o local serviu de centro de reclusão prisional, a chamada Colônia Correcional. Esse é um dos muitos lados que cercam a história de Noronha.

Hoje, as ruínas tomam conta do antigo presídio noronhense. Segundo a arquiteto Carlos Henrique Uchoa, as construções seguem moldes de alguns prédio europeus. “As portas de entradas e as janelas são inspiradas edificações portuguesas. A fachada era toda emblemática. Possuia uma espécie de brasão, prática comum nos séculos 18 e 19”, disse.

Durante o período de funcionamento da Colônia Correcional, os presos não ficavam algemados nem trancados nas celas, porém viviam em um regime bastante cruel e desumano. Apesar de ficarem soltos pela ilha, eram obrigados a trabalhar para ocupar o tempo com alguma atividade e depois retornar para o centro prisional. Os castigos eram comuns naquela época, segundo afirma a historiadora e pesquisadora oficial do arquipélago, Grazielle Rodrigues do Nascimento. “Quem não obedecia as ordens dos tenentes e dos carcerários apanhavam e, em seguida, mandados para a Ilha Rata, um local cheio de bichos, totalmente escuro e isolado, sem comida nem água doce para beber”.

Ainda de acordo com Grazielle, por causa do isolamento do continente e das duras penalidades sofridas, os presos tentavam fugir constantemente. “Existe um relato de um recluso que foi resgatado, em uma espécie de canoa, quase chegando ao estado do Rio Grande Norte. Para construir esse tipo de embarcação, os presidiários acabaram cortando muitas árvores chegando até a extinguir algumas das espécie que só existiam em Noronha” disse.

Segundo a historiadora e coordenadora do Programa de Documentação de Fernando de Noronha, Marieta Borges, “o presídio não era bem político como a maioria das pessoas até hoje acreditam. Na verdade, tratava-se de uma prisão para pessoas com penas relativamente longas e que, por ventura, acabou abrigando presos políticos, principalmente durante o período da ditadura militar”.

De 1938 a 1945, o arquipélago, de acordo com Marieta, funcionou como uma espécie presídio político. Algumas pessoas importantes passaram por lá durante esse período como, por exemplo, o ex-governador de Pernambuco, Miguel Arraes.
A Colônia Correcional também serviu de reclusão para alguns grupos sociais marginalizados pela sociedade como, por exemplo, os ciganos e os capoeiristas, considerados perturbadores da ordem pública e má influência para os cidadãos de bem.

PRESENÇA FEMININA

No começo, só os presidiários podiam ir para a ilha. Apenas por volta do século 19 que as mulheres passaram a ser mandadas para o local. Como elas eram minorias, uma tenente (cargo não existia na época para as mulheres, entretanto foi criado para dar apoio às presas) foi designada para comandá-las.

HOMOSSEXUALIDADE

Era comum naquela época, segundo Marieta Borges, a “inversão de sexo”. Até hoje a presença masculina na ilha é maior do que a feminina. Mas, durante o período em que o presídio funcionava, essa proporção era ainda maior. “Como não existiam mulheres, os homens acabavam transando uns com os outros. Os presos mais jovens e recém-chegados acabavam sendo os principais alvos dos mais antigos”, explicou a historiadora.

CRENÇA POPULAR

Existem bastantes lendas que giram em torno de Fernando de Noronha e especificamente ligadas à época do presídio. Segundo Marieta Borges, apesar de não passarem de mitos e fantasias, muitas delas têm base em fatos ligados à realidade. “Há uma mistura forte de fatos históricos atrelados à imaginação popular. Uma das lendas mais antigas e lembradas até hoje é a da Alamoa”.
De acordo com o guia turístico Sérgio Rock de Lima, mais conhecido por Rock, uma mulher muito bonita de cabelos longos e loiros, parecida com uma alemã, aparecia toda de branco em noite de lua cheia para encantar os presos. “Era difícil resistir aos encantos da bela”, disse Rock. Mas o que os homens não sabiam é que essa seria a última noite de prazer deles. “A Alamoa transava a noite inteira com os homens até ele ficarem exaustos e morrerem de cansaço”, explicou. Verdade ou não, Fernando de Noronha possui muitas outras lendas e casos curiosos que, ao longo do tempo, vão sendo incrementadas e outras criadas pela população local.

sexta-feira, 30 de outubro de 2009

MANGUE BEAT: DA LAMA PARA O MUNDO


Por muito tempo o frevo era, para a grande maioria dos brasileiros, o único estilo musical que Pernambuco possuía. Mas essa ideia errônea começou a ser desmistificada a partir do início da década de 1990. Nessa época, surge na periferia do Recife, um movimento conhecido por Mangue Beat liderado pelos mangueboys Chico Science, Fred 04 e Renato L.
O grupo estava insatisfeito com a cena musical brasileira que prestigiava os grupos mais midiatizados, em sua maioria da Bahia e do Sul-Sudeste do país. “Essa triste realidade ainda existe, apesar de ser em menor escala. As pessoas estão condicionadas a avaliarem ter como música boa e de qualidade aquela que passa nos programas de tevê e quem pensa assim está totalmente enganado”, disse o radialista e pesquisador fonográfico da Fundação Joaquim Nabuco, Renato Phaelante.

Diferentemente de outros movimentos musicais importantes como a Bossa Nova e o Tropicalismo, idealizados por uma parcela da elite brasileira, o Mangue Beat se diferencia pelo fato de ter emergido das camadas populares do Recife. Para a doutora em sociologia Paula Tesse, em sua tese de dissertação, “em poucos anos, a nova tendência viria dar palavra a uma camada da sociedade que até então não tinha encontrado um eco de maneira autônoma. Por esse aspecto, podemos defini-la como um Quilombo Cultural.”

O Mangue Beat utiliza elementos da cultura popular do Estado, como coco, macaratu, ciranda e embolada, aliados à tecnologia e a estilos musicais internacionais como o rock, funk e reggae, dando uma nova roupagem às batidas tradicionais. O mangue, símbolo da fertilidade e pluralidade de espécies de animais, é usado analogicamente pelo movimento como um celeiro musical de onde emergem a diversidade dos talentos da música pernambucana.

“Chico Science entendeu que para se ter força e produzir uma onda criadora que estava estagnada há alguns anos, era necessário voltar à lama. O movimento abre caminhos para outros artistas, que talvez não se identifiquem diretamente com ele, a exemplo dos grupos nascidos do bairro popular do Alto José do Pinho, no Recife, como Devotos, Faces do Subúrbio e Matalanamão, mas que surfam na sua onda criativa”, disse Paula Tesser.

Para ela, além fomentar e fortalecer a identidade cultural de um determinado grupo social, a música também é utilizada como um instrumento de inclusão. “O Mangue Beat é visto como uma forma de pensar o presente, o ser humano e sua sociabilidade. Passando de objeto de crítica a sujeito da criação de uma nova linguagem, os meninos pobres das grandes cidades brasileiras começaram a produzir um espaço diferenciado podendo exprimir suas experiências de vida.”

O movimento, afirma o crítico musical João Carlos Vasconcelos, conseguiu abrir a porta do mercado brasileiro para os produtos musicais vindos de fora do eixo sul-sudeste que não tinham muito espaço na mídia nacional. “Cordel do Fogo Encantado e Mombojó são exemplos de bandas locais que foram diretamente influenciadas pelo movimento Beat pernambucano e conseguiram conquistar o mercado internacional. Somos um povo muito acolhedor e por isso vários grupos, dos mais variados estilos, vêm ao Estado e fincam raízes. É aqui que fazem nome e vão fazer sucesso no resto do país e do mundo. Isso é uma prova de que Pernambuco é, sim, uma fábrica de talentos musicais.”

PRA FICAR NA MEMÓRIA
Inaugurado em abril deste ano, o Memorial Chico Science é, hoje, um dos principais pontos de cultura do Estado. Lá, as pessoas podem ter contato com objetos pessoais do músico, aprender um pouco mais sobre o trabalho dele e do Mangue Beat. O Memorial fica no Pátio de São Pedro, casa 21, no centro do Recife e está aberto à visitação pública de segunda a sexta-feira, das 9h às 17h. A entrada é gratuita. Outras informações podem ser obtidas pelos telefones (81) 3232- 2486 e 3232- 2492.

SAIBA MAIS...
- Do Frevo ao Manguebeat, de José Teles
- Mangue Beat: húmos cultural e social, de Paula Tesser
- Chico Science – a rapsódia afrociberdélica, por Moisés Neto

quarta-feira, 28 de outubro de 2009

VEJA QUAL O TEMPLO FO GO SHAN MAIS PRÓXIMO DE VOCÊ:


Templo Fo Guang Shan
Avenida Ministro Marcos Freire, 2095
Casa Caiada – Olinda – Pernambuco
(81) 3432-0023.

Templo Zu Lai
Estrada Municipal Fernando Nobre, 1.461
Cotia – São Paulo - SP
(11) 4612-2895

IBPS Rio de Janeiro
Rua Itabaiana, 235 – Grajaú – Rio de Janeiro – RJ
(21) 2520-9058

RECEITAS VEGETARIANAS


EXTRATO DE LEITE DE SOJA

Ingredientes:
3 xícaras (chá) de grãos de soja (sem lavar), 4,5 litros de água,1 colher (chá) de sal
6 colheres de (sopa) de açúcar refinado.

Modo de Preparo
Ferva 1,5 litro de água. Adicione os grãos e espere a nova mistura ferver por cerca de cinco minutos. Escorra a água de cozimento e lave os grãos em água corrente. Coloque o restante do líquido (os três litros de água) para ferver, adicione os grãos e deixe cozinhar novamente por cinco minutos. Retire do fogo e quando estiver morno, bata os grãos e com a água no liquidificador, por aproximadamente três minutos. Cozinhe a mistura obtida, em panela aberta, por 10 minutos, mexendo sempre para não queimar. Retire do fogo e quando estiver morno, coe em um pano de algodão e esprema bem. O liquido filtrado é o extrato de soja (“leite”) e a massa restante é o resíduo (que pode ser utilizado para a receita seguinte). Leve o extrato ao fogo por dois minutos, adicionar o açúcar e o sal. Está pronto, sirva-se!
Rendimento: Aproximadamente 1,5 litro
Dica: Você pode guardar o resíduo de soja em sacos ou vasilhas de plásticos apropriados e armazenar no freezer por cerca de dois meses.

ESFIRRA DE SOJA
Ingredientes:

Massa
2 xícaras (chá) de resíduo de soja (massa resultante da produção do leite de soja), 6 xícaras (chá) de farinha de trigo, 3 colheres (sopa) de fermento para pão, 2 colheres (sopa) de açúcar, 2 colheres (chá) de sal, 1/2 copo de azeite ou óleo (150 ml), 1/2 copo de água morna.
Recheio
1 xícara (chá) de proteína de soja texturizada (PVT), 2 xícaras (chá) de água fervente, 3 tomates sem sementes picados, 2 colheres (sopa) de óleo de soja ou azeite, 1 cebola picada, 2 dentes de alho, 1 colher (sopa) de extrato de tomate. Coentro a gosto.

Modo de preparo

Massa
Dissolva o fermento em água morna, junte o açúcar, o sal, o óleo (ou azeite) e o resíduo de soja. Adicione, aos poucos, a farinha de trigo até formar uma massa uniforme. O próximo passo é fazer bolinhas e deixá-las sobre uma superfície limpa.

Recheio
Hidrate a PVT com as duas xícaras de água quente, por cerca de 10 minutos. Depois esprema a proteína de soja em uma peneira para retirar o excesso de água. Em seguida, refogue a cebola e o alho picados no azeite ou óleo já aquecido, e adicione o extrato de tomate. Deixe a mistura ficar homogênea. Junte os tomates picados e a PVT hidratada, e por último acrescente o coentro.
Fazendo as esfirras

Abra as bolinhas da massa na palma da mão, ponha o recheio no meio e feche as esfirras na forma de um triângulo. Coloque as esfirras em assadeiras previamente untadas e polvilhadas com farinha de trigo. Asse em forno pré-aquecido, em temperatura média, por cerca de 30 minutos. Depois é só saborear essa delícia dos deuses!

Rendimento: Entre 15 e 20 unidades

ENTREVISTA COM A MONJA BUDISTA MIAO DUO



Há mais de três anos, a monja Miao Duo deixou o monastério budista, em Taiwan, e veio para o Brasil comandar o templo Zu Lai, localizado em São Paulo. No dia 24 de maio, em comemoração ao Vesak, a data mais importante para a religião, por ser o dia do nascimento do Buda, ela veio à sede localizada na beira-mar de Olinda, para realizar a cerimônia religiosa especial. Em uma conversa descontraída, revela algumas curiosidades sobre a doutrina budista, os costumes e as tradições da religião que vem se perpetuando ao longo do tempo.

Como a senhora define o budismo?
O budismo, para a gente, é uma religião, sem sombra de dúvida. Mas também é encarado como filosofia de vida, uma vez que as pessoas transportam os ensinamentos para o dia a dia.

O budismo prega o vegetarianismo. Todos os discípulos são obrigados a aderir a essa prática alimentar?
Na verdade, o budismo não diz que a gente precisa ser praticante do vegetarianismo, mas na linhagem mahayana, a qual pertencemos, é um dos itens mais importantes. Quando o Buda ainda era vivo, foram oferecidos a ele vários tipos de comidas. Não negava nada e comia tudo. Mas, quando a religião foi transmitida para a China, há mais de 2.000 anos, se estabeleceu uma forma de prática da compaixão, que consistia em não matar os bichos para comê-los. Assim, salvamos a vida dos animais e a nossa também.

Existe algum tipo de ligação também com a crença no renascimento?
No budismo, a gente trabalha com o Darma, a roda da vida. Nesse ciclo, não temos só o nosso nível dos seres humanos, mas também outras formas ‘físicas’ de renascimento. Podemos vir ao mundo como um deus puro ou rebelde, um ser infernal, espírito faminto, ser humano ou animal. Não é porque somos seres conscientes que no nosso próximo renascimento viremos na mesma condição. A gente carrega, depois da morte, os nossos carmas, ações do indivíduo no mundo, que podem ser positivos ou negativos. Um ente querido e até nós mesmos poderemos renascer como um porco, por exemplo. Já pensou em comer um amigo? Deve ser horrível.

A senhora sempre foi budista?
Todo mundo tem suas condições e causas para pertencer a uma determinada religião. É a nossa física quântica. Como eu nasci em uma família budista, tive uma facilidade de aceitamento e de compreensão dos ensinamentos do Darma.

Existem muitas mulheres na linhagem mahayana liderando os templos?
Na verdade temos mais monges do que monjas. Mas as mulheres estão conseguindo alcançar mais espaço na religião. Na época do Buda, ele não permitia que elas se ordenassem. Com o passar do tempo, passaram a ser aceitas, mas com algumas imposições. A principal delas é a prática da valorização, do respeito que devem ter umas com as outras, e principalmente, com os homens.

O Nirvana é estado máximo de purificação no budismo. Como alcançá-lo?
Nesse nosso tempo de apegos aos bens materiais e conflitos constantes é muito difícil conseguir chegar ao Nirvana. É preciso disciplinar os nossos hábitos para que não tenhamos altos e baixos na nossa vida. No momento da raiva, por exemplo, a gente explode, emocionalmente, aí vem o que é de hábito, a ira. Só criando a estabilidade espiritual que a pessoa pode chegar à iluminação.

Por que a senhora anda sempre com essa pulseira que se parece com o terço usado pelos católicos?
O Japamala é utilizado para recitarmos o nome do Buda durante as orações, conversas ou reuniões e para recitar os mantras, os ensinamentos deixados pelo Iluminado.
Por que todos os monges têm que raspar a cabeça?
Quando um indivíduo se torna um monge, quando recebe a ordenação, mais do que nunca passa a praticar o seu lado interior. A nossa aparência externa passa a ser um incômodo. Quando se tem cabelo, a pessoa precisa cortá-lo, alisá-lo, ver se não está seco, oleoso etc. Então, raspando a cabeça diminui a preocupação. Facilita a vida e a prática do desapego. Só para se ter idéia de como não ligamos para a vaidade, nós, os mestres, temos apenas duas peças de roupas. Sujou, lavou, usou.

Por que os mestres budistas não podem se casar?
No budismo apenas os seguidores podem se casar. Os mestres têm que dedicar suas vidas inteiramente a devoção da prática budista. Dessa forma, as pessoas que participam de uma ordenação não precisam de companheiros porque já têm a compaixão do Buda. Livre, digamos assim, do casamento, temos mais espaço no coração para nos preocupar em praticar os ensinamentos com os discípulos.

Existe pecado no budismo?
Não usamos o termo pecado, e sim a palavra carma que pode ser positiva ou negativa. A pessoa é responsável pelos seus atos na terra. Se pratica uma boa ação, será recompensado. Se toma uma atitude ruim, como matar, por exemplo, pagará, nessa vida ou nas futuras, pelos erros.
Quais os requisitos para uma pessoa se tornar budista?
Para uma pessoa se tornar budista ela precisa entender a nossa filosofia e se refugiar, em um dos templos, na chamada Jóia Tríplice, que consiste em se comprometer com os ensinamentos do Buda e aceitar o Dharma e o Sangha (uma espécie de sânscrito, uma linguagem específica utilizada no budismo).

Como um discípulo faz para se tornar um mestre?
Cada ramificação do budismo tem uma forma diferente de lidar com a nomeação. No nosso caso, o discípulo tem que ter até 35 anos para ser tornar um monge. Se for do Brasil, primeiro ele é encaminhado para a universidade que temos lá no templo de São Paulo, onde será obrigado a passar, em média, um ano enclausurado estudando. De lá, ele vai para Taiwan, onde permanecerá um período de quatro anos e terá que fazer uma auto-avaliação, para só então passar pela provação dos mestres e conseguir a ordenação.

Por que esse limite de 35 anos de idade para se tornar um monge?
Porque teoricamente é mais fácil modificar e disciplinar os hábitos de uma pessoa abaixo de 35 anos. É comum termos algumas atitudes em certas ocasiões, mas nem sempre elas são as mais corretas, por isso limitamos a ordenação a essa faixa etária.

DATAS COMEMORATIVAS


Vesak
Data mais importante no calendário budista, por ser o dia em que o Buda nasceu. É comemorado na primeira lua cheia do mês de maio. Em Olinda, por causa da vinda da monja do templo de São Paulo, um dos maiores da América em Olinda, foi festejado no dia 24.

Ano Novo
Diferentemente dos ocidentais, os budistas celebram o ano novo baseado no calendário lunar e não no solar. Este ano, o dia 26 de janeiro foi a data oficial, mas só foi comemorado, oficialmente, no dia 1º de fevereiro, por ser um dia de domingo, no qual as pessoas geralmente não trabalham.Um dos costumes da data é rezar pelos mortos. As orações também são feitas em outras cerimônias.

Dia da Lembrança
Comemorado no dia 9 de setembro, é um dos feriados mais importantes em Taiwan, no qual o Governo celebra a longevidade dos idosos, que são muito respeitados pela sua sabedoria e experiência de vida.