sexta-feira, 30 de outubro de 2009

MANGUE BEAT: DA LAMA PARA O MUNDO


Por muito tempo o frevo era, para a grande maioria dos brasileiros, o único estilo musical que Pernambuco possuía. Mas essa ideia errônea começou a ser desmistificada a partir do início da década de 1990. Nessa época, surge na periferia do Recife, um movimento conhecido por Mangue Beat liderado pelos mangueboys Chico Science, Fred 04 e Renato L.
O grupo estava insatisfeito com a cena musical brasileira que prestigiava os grupos mais midiatizados, em sua maioria da Bahia e do Sul-Sudeste do país. “Essa triste realidade ainda existe, apesar de ser em menor escala. As pessoas estão condicionadas a avaliarem ter como música boa e de qualidade aquela que passa nos programas de tevê e quem pensa assim está totalmente enganado”, disse o radialista e pesquisador fonográfico da Fundação Joaquim Nabuco, Renato Phaelante.

Diferentemente de outros movimentos musicais importantes como a Bossa Nova e o Tropicalismo, idealizados por uma parcela da elite brasileira, o Mangue Beat se diferencia pelo fato de ter emergido das camadas populares do Recife. Para a doutora em sociologia Paula Tesse, em sua tese de dissertação, “em poucos anos, a nova tendência viria dar palavra a uma camada da sociedade que até então não tinha encontrado um eco de maneira autônoma. Por esse aspecto, podemos defini-la como um Quilombo Cultural.”

O Mangue Beat utiliza elementos da cultura popular do Estado, como coco, macaratu, ciranda e embolada, aliados à tecnologia e a estilos musicais internacionais como o rock, funk e reggae, dando uma nova roupagem às batidas tradicionais. O mangue, símbolo da fertilidade e pluralidade de espécies de animais, é usado analogicamente pelo movimento como um celeiro musical de onde emergem a diversidade dos talentos da música pernambucana.

“Chico Science entendeu que para se ter força e produzir uma onda criadora que estava estagnada há alguns anos, era necessário voltar à lama. O movimento abre caminhos para outros artistas, que talvez não se identifiquem diretamente com ele, a exemplo dos grupos nascidos do bairro popular do Alto José do Pinho, no Recife, como Devotos, Faces do Subúrbio e Matalanamão, mas que surfam na sua onda criativa”, disse Paula Tesser.

Para ela, além fomentar e fortalecer a identidade cultural de um determinado grupo social, a música também é utilizada como um instrumento de inclusão. “O Mangue Beat é visto como uma forma de pensar o presente, o ser humano e sua sociabilidade. Passando de objeto de crítica a sujeito da criação de uma nova linguagem, os meninos pobres das grandes cidades brasileiras começaram a produzir um espaço diferenciado podendo exprimir suas experiências de vida.”

O movimento, afirma o crítico musical João Carlos Vasconcelos, conseguiu abrir a porta do mercado brasileiro para os produtos musicais vindos de fora do eixo sul-sudeste que não tinham muito espaço na mídia nacional. “Cordel do Fogo Encantado e Mombojó são exemplos de bandas locais que foram diretamente influenciadas pelo movimento Beat pernambucano e conseguiram conquistar o mercado internacional. Somos um povo muito acolhedor e por isso vários grupos, dos mais variados estilos, vêm ao Estado e fincam raízes. É aqui que fazem nome e vão fazer sucesso no resto do país e do mundo. Isso é uma prova de que Pernambuco é, sim, uma fábrica de talentos musicais.”

PRA FICAR NA MEMÓRIA
Inaugurado em abril deste ano, o Memorial Chico Science é, hoje, um dos principais pontos de cultura do Estado. Lá, as pessoas podem ter contato com objetos pessoais do músico, aprender um pouco mais sobre o trabalho dele e do Mangue Beat. O Memorial fica no Pátio de São Pedro, casa 21, no centro do Recife e está aberto à visitação pública de segunda a sexta-feira, das 9h às 17h. A entrada é gratuita. Outras informações podem ser obtidas pelos telefones (81) 3232- 2486 e 3232- 2492.

SAIBA MAIS...
- Do Frevo ao Manguebeat, de José Teles
- Mangue Beat: húmos cultural e social, de Paula Tesser
- Chico Science – a rapsódia afrociberdélica, por Moisés Neto

quarta-feira, 28 de outubro de 2009

VEJA QUAL O TEMPLO FO GO SHAN MAIS PRÓXIMO DE VOCÊ:


Templo Fo Guang Shan
Avenida Ministro Marcos Freire, 2095
Casa Caiada – Olinda – Pernambuco
(81) 3432-0023.

Templo Zu Lai
Estrada Municipal Fernando Nobre, 1.461
Cotia – São Paulo - SP
(11) 4612-2895

IBPS Rio de Janeiro
Rua Itabaiana, 235 – Grajaú – Rio de Janeiro – RJ
(21) 2520-9058

RECEITAS VEGETARIANAS


EXTRATO DE LEITE DE SOJA

Ingredientes:
3 xícaras (chá) de grãos de soja (sem lavar), 4,5 litros de água,1 colher (chá) de sal
6 colheres de (sopa) de açúcar refinado.

Modo de Preparo
Ferva 1,5 litro de água. Adicione os grãos e espere a nova mistura ferver por cerca de cinco minutos. Escorra a água de cozimento e lave os grãos em água corrente. Coloque o restante do líquido (os três litros de água) para ferver, adicione os grãos e deixe cozinhar novamente por cinco minutos. Retire do fogo e quando estiver morno, bata os grãos e com a água no liquidificador, por aproximadamente três minutos. Cozinhe a mistura obtida, em panela aberta, por 10 minutos, mexendo sempre para não queimar. Retire do fogo e quando estiver morno, coe em um pano de algodão e esprema bem. O liquido filtrado é o extrato de soja (“leite”) e a massa restante é o resíduo (que pode ser utilizado para a receita seguinte). Leve o extrato ao fogo por dois minutos, adicionar o açúcar e o sal. Está pronto, sirva-se!
Rendimento: Aproximadamente 1,5 litro
Dica: Você pode guardar o resíduo de soja em sacos ou vasilhas de plásticos apropriados e armazenar no freezer por cerca de dois meses.

ESFIRRA DE SOJA
Ingredientes:

Massa
2 xícaras (chá) de resíduo de soja (massa resultante da produção do leite de soja), 6 xícaras (chá) de farinha de trigo, 3 colheres (sopa) de fermento para pão, 2 colheres (sopa) de açúcar, 2 colheres (chá) de sal, 1/2 copo de azeite ou óleo (150 ml), 1/2 copo de água morna.
Recheio
1 xícara (chá) de proteína de soja texturizada (PVT), 2 xícaras (chá) de água fervente, 3 tomates sem sementes picados, 2 colheres (sopa) de óleo de soja ou azeite, 1 cebola picada, 2 dentes de alho, 1 colher (sopa) de extrato de tomate. Coentro a gosto.

Modo de preparo

Massa
Dissolva o fermento em água morna, junte o açúcar, o sal, o óleo (ou azeite) e o resíduo de soja. Adicione, aos poucos, a farinha de trigo até formar uma massa uniforme. O próximo passo é fazer bolinhas e deixá-las sobre uma superfície limpa.

Recheio
Hidrate a PVT com as duas xícaras de água quente, por cerca de 10 minutos. Depois esprema a proteína de soja em uma peneira para retirar o excesso de água. Em seguida, refogue a cebola e o alho picados no azeite ou óleo já aquecido, e adicione o extrato de tomate. Deixe a mistura ficar homogênea. Junte os tomates picados e a PVT hidratada, e por último acrescente o coentro.
Fazendo as esfirras

Abra as bolinhas da massa na palma da mão, ponha o recheio no meio e feche as esfirras na forma de um triângulo. Coloque as esfirras em assadeiras previamente untadas e polvilhadas com farinha de trigo. Asse em forno pré-aquecido, em temperatura média, por cerca de 30 minutos. Depois é só saborear essa delícia dos deuses!

Rendimento: Entre 15 e 20 unidades

ENTREVISTA COM A MONJA BUDISTA MIAO DUO



Há mais de três anos, a monja Miao Duo deixou o monastério budista, em Taiwan, e veio para o Brasil comandar o templo Zu Lai, localizado em São Paulo. No dia 24 de maio, em comemoração ao Vesak, a data mais importante para a religião, por ser o dia do nascimento do Buda, ela veio à sede localizada na beira-mar de Olinda, para realizar a cerimônia religiosa especial. Em uma conversa descontraída, revela algumas curiosidades sobre a doutrina budista, os costumes e as tradições da religião que vem se perpetuando ao longo do tempo.

Como a senhora define o budismo?
O budismo, para a gente, é uma religião, sem sombra de dúvida. Mas também é encarado como filosofia de vida, uma vez que as pessoas transportam os ensinamentos para o dia a dia.

O budismo prega o vegetarianismo. Todos os discípulos são obrigados a aderir a essa prática alimentar?
Na verdade, o budismo não diz que a gente precisa ser praticante do vegetarianismo, mas na linhagem mahayana, a qual pertencemos, é um dos itens mais importantes. Quando o Buda ainda era vivo, foram oferecidos a ele vários tipos de comidas. Não negava nada e comia tudo. Mas, quando a religião foi transmitida para a China, há mais de 2.000 anos, se estabeleceu uma forma de prática da compaixão, que consistia em não matar os bichos para comê-los. Assim, salvamos a vida dos animais e a nossa também.

Existe algum tipo de ligação também com a crença no renascimento?
No budismo, a gente trabalha com o Darma, a roda da vida. Nesse ciclo, não temos só o nosso nível dos seres humanos, mas também outras formas ‘físicas’ de renascimento. Podemos vir ao mundo como um deus puro ou rebelde, um ser infernal, espírito faminto, ser humano ou animal. Não é porque somos seres conscientes que no nosso próximo renascimento viremos na mesma condição. A gente carrega, depois da morte, os nossos carmas, ações do indivíduo no mundo, que podem ser positivos ou negativos. Um ente querido e até nós mesmos poderemos renascer como um porco, por exemplo. Já pensou em comer um amigo? Deve ser horrível.

A senhora sempre foi budista?
Todo mundo tem suas condições e causas para pertencer a uma determinada religião. É a nossa física quântica. Como eu nasci em uma família budista, tive uma facilidade de aceitamento e de compreensão dos ensinamentos do Darma.

Existem muitas mulheres na linhagem mahayana liderando os templos?
Na verdade temos mais monges do que monjas. Mas as mulheres estão conseguindo alcançar mais espaço na religião. Na época do Buda, ele não permitia que elas se ordenassem. Com o passar do tempo, passaram a ser aceitas, mas com algumas imposições. A principal delas é a prática da valorização, do respeito que devem ter umas com as outras, e principalmente, com os homens.

O Nirvana é estado máximo de purificação no budismo. Como alcançá-lo?
Nesse nosso tempo de apegos aos bens materiais e conflitos constantes é muito difícil conseguir chegar ao Nirvana. É preciso disciplinar os nossos hábitos para que não tenhamos altos e baixos na nossa vida. No momento da raiva, por exemplo, a gente explode, emocionalmente, aí vem o que é de hábito, a ira. Só criando a estabilidade espiritual que a pessoa pode chegar à iluminação.

Por que a senhora anda sempre com essa pulseira que se parece com o terço usado pelos católicos?
O Japamala é utilizado para recitarmos o nome do Buda durante as orações, conversas ou reuniões e para recitar os mantras, os ensinamentos deixados pelo Iluminado.
Por que todos os monges têm que raspar a cabeça?
Quando um indivíduo se torna um monge, quando recebe a ordenação, mais do que nunca passa a praticar o seu lado interior. A nossa aparência externa passa a ser um incômodo. Quando se tem cabelo, a pessoa precisa cortá-lo, alisá-lo, ver se não está seco, oleoso etc. Então, raspando a cabeça diminui a preocupação. Facilita a vida e a prática do desapego. Só para se ter idéia de como não ligamos para a vaidade, nós, os mestres, temos apenas duas peças de roupas. Sujou, lavou, usou.

Por que os mestres budistas não podem se casar?
No budismo apenas os seguidores podem se casar. Os mestres têm que dedicar suas vidas inteiramente a devoção da prática budista. Dessa forma, as pessoas que participam de uma ordenação não precisam de companheiros porque já têm a compaixão do Buda. Livre, digamos assim, do casamento, temos mais espaço no coração para nos preocupar em praticar os ensinamentos com os discípulos.

Existe pecado no budismo?
Não usamos o termo pecado, e sim a palavra carma que pode ser positiva ou negativa. A pessoa é responsável pelos seus atos na terra. Se pratica uma boa ação, será recompensado. Se toma uma atitude ruim, como matar, por exemplo, pagará, nessa vida ou nas futuras, pelos erros.
Quais os requisitos para uma pessoa se tornar budista?
Para uma pessoa se tornar budista ela precisa entender a nossa filosofia e se refugiar, em um dos templos, na chamada Jóia Tríplice, que consiste em se comprometer com os ensinamentos do Buda e aceitar o Dharma e o Sangha (uma espécie de sânscrito, uma linguagem específica utilizada no budismo).

Como um discípulo faz para se tornar um mestre?
Cada ramificação do budismo tem uma forma diferente de lidar com a nomeação. No nosso caso, o discípulo tem que ter até 35 anos para ser tornar um monge. Se for do Brasil, primeiro ele é encaminhado para a universidade que temos lá no templo de São Paulo, onde será obrigado a passar, em média, um ano enclausurado estudando. De lá, ele vai para Taiwan, onde permanecerá um período de quatro anos e terá que fazer uma auto-avaliação, para só então passar pela provação dos mestres e conseguir a ordenação.

Por que esse limite de 35 anos de idade para se tornar um monge?
Porque teoricamente é mais fácil modificar e disciplinar os hábitos de uma pessoa abaixo de 35 anos. É comum termos algumas atitudes em certas ocasiões, mas nem sempre elas são as mais corretas, por isso limitamos a ordenação a essa faixa etária.

DATAS COMEMORATIVAS


Vesak
Data mais importante no calendário budista, por ser o dia em que o Buda nasceu. É comemorado na primeira lua cheia do mês de maio. Em Olinda, por causa da vinda da monja do templo de São Paulo, um dos maiores da América em Olinda, foi festejado no dia 24.

Ano Novo
Diferentemente dos ocidentais, os budistas celebram o ano novo baseado no calendário lunar e não no solar. Este ano, o dia 26 de janeiro foi a data oficial, mas só foi comemorado, oficialmente, no dia 1º de fevereiro, por ser um dia de domingo, no qual as pessoas geralmente não trabalham.Um dos costumes da data é rezar pelos mortos. As orações também são feitas em outras cerimônias.

Dia da Lembrança
Comemorado no dia 9 de setembro, é um dos feriados mais importantes em Taiwan, no qual o Governo celebra a longevidade dos idosos, que são muito respeitados pela sua sabedoria e experiência de vida.

BUDISMO: MAIS QUE UMA RELIGIÃO, UMA FILOSOFIA DE VIDA


Em plena avenida beira-mar de Olinda, em Pernambuco, está situado o único templo budista Fo Guang Shan (uma das muitas filiais do monastério (matriz) localizado em Taiwan) do Norte-Nordeste. Mesmo estando em um local de grande circulação, muitas pessoas, até mesmo aquelas que moram na cidade, não sabem da existência do templo.

Ao entrar no lugar, já sente o clima de paz. O som dos mantras (músicas) e o cheiro suave dos incensos dão as boas-vindas. Aberto à visitação pública, o templo é visto por algumas pessoas como ponto turístico, mas, para a monja Miao Duo, o local representa muito mais do que isso. “Acima de tudo, é um espaço para conhecer os ensinamentos do Buda e ter um pouco de tranquilidade e paz de espírito”.

Agora, conceituar o que é o Budismo não é uma simples tarefa, porque até mesmo os próprios estudiosos apresentam visões diferentes. “Eu, em particular, acredito que se trate de uma religião, pois existe uma crença num ser supremo. Assim como os católicos, os seguidores do Buda têm um ser central no qual acreditam e louvam”, disse o teólogo Antenor Cordeiro.

Já o teólogo Roberto Amorim discorda dessa nomenclatura. “Compreendo como uma doutrina, uma vez que o objetivo principal do Budismo é levar a todos os ensinamentos deixados pelo Buda. Ele mesmo não se considerava um Deus, e sim uma pessoa destinada a ajudar os seus semelhantes a se libertarem de todo o mal e, dessa forma, chegarem à Terra Pura.” Diferenças à parte, uma coisa é certa. “Independentemente de qualquer crença, o importante é que o Budismo, seja lá como for conceituado, prega e incentiva a prática de boas ações para com os seus irmãos”, completa Amorim.

Um tema recorrente no budismo diz respeito à vida versus a morte. O mestre Hsing Yün, do monastério de Taiwan, diz, no seu livro “Quando morremos”, que o nascimento é como o começo de outra vida. “Nascer quer dizer apenas morrer. Se pudéssemos de fato entender a morte, veríamos que não é muito diferente de tirar um passaporte que nos permita atravessar outro país. É um caminho que todos nós devemos atravessar”.

Para a monja Miao Duo, quando uma pessoa morre, ela deixa para trás apenas a matéria do corpo. “A alma, que é a nossa essência, permanece viva”. Assim como os cristãos, os budistas também acreditam que as pessoas serão julgadas, depois da morte, pelos seus atos. Os seguidores do Buda crêem na existência do carma, atos positivos e/ou negativos praticados pelos seres humanos. “Essas ações determinam se vão renascer e em qual condição. Se um indivíduo espanca crianças, por exemplo, ele pode vir ao mundo sem as mãos, para poder ‘pagar’ pelo mal que cometeu”, explica a monja.

De acordo com o teólogo Antenor Cordeiro, um dos principais costumes dos budistas é não mexer no corpo até oito horas depois da morte do indivíduo. “É uma forma de garantir que a pessoa descanse em paz. Existe uma crença de que se alguém mexer no corpo durante esse período de tempo, o morto pode se chatear e até ficar com raiva, e assim, pode renascer como um animal, por exemplo, para se redimir dos maus pensamentos.”
ORIGENS
O Budismo surgiu na Índia há 2.500 anos. Tem sua origem atrelada ao nascimento do príncipe Sidarta Gotama, considerado o mestre do budismo, que pertencia à casta dos guerreiros (uma espécie de classe social). De acordo com o teólogo Antenor Cordeiro, existem várias lendas sobre o nascimento dele. “Uma delas diz que a mãe do garoto, a rainha Mahamaya, ou simplesmente Maya, tinha sonhado que um elefante de seis trompas tinha entrado no seu ventre. Era o anuncio da vinda do Iluminado. Alguns meses depois desse episódio, nascia o pequeno grande Buda”.

Algumas semanas depois, um sábio profetizou que o jovem tinha uma missão especial para cumprir na Terra e que ajudaria a guiar milhares de pessoas rumo à purificação da alma. Mas os pais de Sidarta (o Buda) não gostaram muito da notícia, afinal, ele seria o responsável em manter viva a linhagem e a tradição da família. Sendo assim, explica o teólogo Ricardo Amorim, os reis prepararam o casamento do jovem.
Na época ele tinha 16 anos. A família queria que ele tivesse filhos para manter a linhagem. Para não fugir do seu destino de rei, ele era proibido de ir além dos limites do palácio. Mas, aos 29 anos, resolveu conhecer outros locais. Sempre acostumado com a proteção, luxo e fartura, chocou-se com a dura realidade vivida pelas pessoas ditas comuns.

Então, resolveu ter uma vida simples, sem grandes mordomias. Foi para a floresta meditar e estudar a fim de compreender a essência da vida. Lá, teve quatro visões que o ajudaram a entendê-la. As três primeiras foram o sofrimento causado pela doença, envelhecimento e morte, respectivamente. A quarta foi uma visão de um homem que lhe revelou os meios de alcançar a paz interna e chegar à Iluminação. O Buda passou muitos anos até compreender a essência da vida que tanto buscava. Morreu aos 80 anos, mas deixou dezenas de ensinamento para os seus seguidores semearem mundo afora. “

Vale ressaltar que existem vários budas. O termo que significa iluminado e puro, nada mais é do que um título”, disse o teólogo Antenor Cordeiro.Depois da morte do Buda, a religião ultrapassou outras fronteiras além da índia. “De lá, espalhou-se para outros países agregando os costumes de cada local. Por isso, é possível encontrar várias ramificações do budismo mundo afora.
Mesmo com características distintas, todas elas se baseiam e acreditam plenamente nas Três Jóias (a crença no Buda, no Dharma, seus ensinamentos, e o Sangha, língua utilizada nas cerimônias)”, disse Roberto Amorim. Ainda segundo ele, o Budismo é dividido em duas grandes ramificações. “A primeira delas é a Theravada, linhagem ortodoxa e mais conservadora. A outra é a Mahayana, vertente mais liberal, aberta aos novos tempos, como incorporação de alguns costumes dos locais onde os templos estão situados”, explicou.

O Gerente de Suporte a Negócios (GSN) do Banco do Nordeste, Herbet Igor Lula, Agência São Luís Renascença, no Maranhão, é adepto do budismo Mahayano de Nitiren Daishonin, representado pela organização não-governamental, de origem japonesa, Brasil Soka Gakkai Internacional. Nessa ramificação, existe a crença de que o individuo não precisa se isolar da sociedade para se aprimorar como ser humano. “Assim, não temos a figura do monge isolado no templo e desprovido de desejos mundanos, nem culto às imagens também”, disse.
O primeiro contato do GSN com a religião oriental foi em 2003. “Venho de uma família tradicionalmente católica, mas eu não estava muito satisfeito com as práticas da Igreja de Roma. Encontrei no budismo a paz e a tranquilidade que tanto buscava.” A nova crença, explica Herbet, trouxe uma série de benefícios. “O principal deles ocorreu internamente, é o que chamamos de revolução humana: um processo contínuo de transformação e aprimoramento pessoal, promovendo uma cultura de paz que, no final, estende-se para toda a sociedade. Antes de tudo, é preciso reconhecer os próprios defeitos e tentar se colocar no lugar do outro.”

PRINCIPAIS FUNDAMENTOS DO BUDISMO
As Seis Perfeições (Caridade, Moralidade, Paciência, Perseverança, Meditação e Sabedoria) são algumas das características que as pessoas precisam ter para conseguir chegar à Terra Pura. Antes de morrer, o Buda deixou inúmeros ensinamentos para que os seres humanos pudessem acabassem com os sofrimentos, chegassem à Iluminação e, dessa forma, se livrassem do renascimento. Entre os passos a serem seguidos estão as Quatro Nobres Verdades e o Nobre Caminho Óctuplo:

As Quatro Nobres Verdades consistem em compreender as quatro causas do sofrimento:
1- A Verdade do Sofrimento: As pessoas estão sujeitas a vários tipos de sofrimentos. Os principais são nascer, envelhecer, adoecer e morrer.
2- A Verdade da Causa do Sofrimento: A ganância, a ignorância, o desejo carnal e o apego aos bens materiais são os principais responsáveis pelo sofrimento.
3- A Verdade da Cessação do Sofrimento: Só se libertando dos apegos e desejos será possível acabar com o sofrimento.
4- O Caminho que leva à Cessação do Sofrimento:

O Nobre Caminho Óctuplo é que pode levar as pessoas ao fim de todos os sofrimentos. Ele consiste em compreender as Quatro Nobres Verdades; ser bondoso e amoroso com os outros; não mentir ou caluniar; não roubar, matar ou colocar o desejo sexual acima de tudo; evitar trabalhos que prejudiquem outras pessoas; disciplinar-se para evitar pensamentos ruins; dominar as ações da mente, corpo e fala a fim de não cometer atos insanos; e ter sabedoria e serenidade para compreender as Quatro Nobres Verdades.

quarta-feira, 27 de maio de 2009

COMEÇA AMANHA A 5ª EDIÇÃO DO VIRTUOSI BRASIL

Este ano concerto patrocinado pelo BNB homenageia o músico pernambucano Marlos Nobre

As cordas dos instrumentos já estão afinadas para mais um festival de música erudita. Consagrado, hoje, como um dos principais espetáculos nacionais, o Virtuosi Brasil, que começa amanhã (28) e vai até o próximo sábado (30), traz para o palco do teatro de Santa Isabel artistas renomados para homenagear os 50 anos de carreira e 70 anos de vida do músico e compositor pernambucano Marlos Nobre. Entre eles estão a Orquestra Jovem de Pernambuco, a violonista Betina Stegmann, a soprano Ângela Barra, pianista Bernardo Scarambone a soprano Ângela Barra, e outros.

Durante os três dias, os amantes da boa música vão ouvir com uma série de apresentações, e antes de cada concerto, Marlos Nobre irá bater um papo com o público e explicar a metodologia do seu processo criativo e os caminhos atuais de sua composição. Cada concerto será dedicado a um gênero de obras do autor.

Para Ana Cristina Garcia, responsável pelo Virtuosi, o festival tem se destacado no cenário nacional e o apoio do BNB foi fundamental para a realização da mostra musical este ano. “O concerto é reconheci não apenas no Brasil, mas em vários países do mundo. Os artistas que passam por aqui tem um refinamento singular. Vale destacar os profissionais do país e, principalmente, do Estado, que tem provado a todos o potencial musical de Pernambuco. Em nome deles que estão envolvidos no projeto, agradeço ao BNB pelo patrocinado dado pelo Programa BNB de Cultura, sem o qual seria inviável a realização do evento”, disse Ana Cristina.

Durante o evento, as pessoas ainda poderão ouvir músicas do autor pernambucano nas cabines localizadas na sala de espera do teatro, além de terem acesso à exposição fotográfica que retrata a história dos 50 anos de trabalho do homenageado.

A 5ª edição do Virtuosi Brasil é patrocinada pela (Fundação do Patrimônio Histórico e Artístico de Pernambuco Fundarpe), com apoio da prefeitura do Recife e do governo de Pernambuco. Os espetáculos começa sempre às 21h. Os ingressos custam R$ 20 para o primeiro piso e R$ 15 para o segundo. Estudantes pagam meia-entrada. Outras informações: (81) 3363-0138

CONFIRA A PROGRAMAÇÃO:

28/ 05 - A música para piano

Primeiro ato:
Nazarethiana Op. 2, 1960
1º Ciclo Nordestino, Opus 5 1960
Homenagem a Arthur Rubinstein, Op 40 1973
4º Ciclo Nordestino, Op 43 1977

Segundo ato:
Sonata Breve Op.21 1966/2000
Tango Op 61 1984
Sonatina Op. 66 1984/2003 (dedicada a Nelson Freire)
Frevo nº2 (dedicado a Ariano Suassuna)
Bernardo Scarambone - piano

29/05 - A música vocal e a música de câmara

Primeiro ato:
Três Trovas opus 6 - 1961 (Texto de Adhelmar Tavares)
Beiramar opus 21 1966 (Texto de Marlos Nobre baseado no folclore da Bahia)
Três Canções opus 9 1962 (Textos de: Ascenço Ferreira (n° 1) e Manuel Bandeira (n° 2 & n° 3)
Dengues da Mulata Desinteressada opus 20 1966 (Texto de Ribeiro Couto)
Poema V (Raio de Luz) opus 94 n°5 2002 (Texto de Marlos Nobre)
Modinha opus 23a 1966 (Texto de Marcos Konder Reis)
Ângela Barra - soprano
Ricardo Ballestero - piano

Segundo ato:
Cantoria I para cello solo
Partita Latina para cello e piano
Claudio Jaffé - cello
Ricardo Balestero - piano
Trio para piano, violino e viola Op. 4
Betina Stegmann - violino
Marcello Jaffé - viola
Bernardo Scarambone - piano

30/05 - A música para orquestra de câmara e solista

Primeiro ato:
O Canto Multiplicado para voz e orquestra Op.38a
Texto de Carlos Drummond de Andrade
Ângela Barra - soprano
Concertino para piano e cordas Op. 1 (1959)
Menção Honrosa no Concurso Nacional de Composição “Música e Músicos do Brasil” – Rádio MEC
Marlos Nobre - piano

Segundo ato:
Poema IIIa para violoncelo e cordas Op.94 nº 3a
Primeira audição mundial
Claudio Jaffé - cello
Concertante do Imaginário para piano e cordas Op. 74
Encomenda da Sala Cecilia Meireles – Rio de Janeiro 1989
Marlos Nobre - piano

segunda-feira, 18 de maio de 2009

Uma brincadeira chamada Cavalo Marinho


Tradição da Zona da Mata Norte de Pernambuco passa de geração em geração, quebrando barreiras e encantando espectadores


É preciso ter muito gingado e jogo de cintura para participar do cavalo - marinho, uma mistura de teatro de rua, música e dança. Surgido na Zona da Mata Norte de Pernambuco como uma forma de comemorar o nascimento do Menino Jesus, a brincadeira também pode ser encontrada no Agreste da Paraíba.

Não se sabe ao certo a data do surgimento do reisado. Existem várias versões sobre suas origens. A mais conhecida e aceita delas diz que teria sido originário a partir de festas religiosas trazidas pelos portugueses para o Brasil.
No espetáculo, podem ter em cena mais de 70 personagens, entretanto, os mais importantes são os irmãos negros Mateus e Bastião, Mestre Ambrósio, o Caboclo de Aruba, o Capitão, os Galantes e as Damas (uma espécie de elite) e o Boi.
O Banco, formado pelos músicos, também é essencial à apresentação. Com rabeca, pandeiro, reco-reco e ganzá (principais instrumentos usados) nas mãos, eles animam a festa com muita música e disposição. É preciso ter energia porque a brincadeira, na maioria das vezes, só para quando o dia raiar.

A história é a seguinte: Os espectadores formam um círculo onde ocorrerá o espetáculo. A música começa e Mateus e Bastião aparecem fazendo palhaçadas. Com uma bexiga, feita de testículo de boi seco, nas mãos, eles batem, constantemente, uns nos outros e nos inimigos.

Eles também usam o instrumento para marcar o ritmo da apresentação. No enredo, os irmãos são contratados pelo Capitão Marinho, que chega montado em seu cavalo para animar a festa na cidade. Vale ressaltar que a derivação do nome do folguedo vem exatamente dessa cena.

De acordo com o timbre do seu apito, o Capitão, por ser a autoridade local, comanda o andamento da dança. Durante a comemoração, também aparece Ambrósio, uma espécie de vendedor de figuras. Outros personagens vão aparecendo. Um dos pontos altos da apresentação é o momento da dança dos arcos, originária da festa de São Gonçalo.

Com roupas, chapéus e fitas coloridas, os dançarinos entrelaçam os arcos, formando um grande círculo: o círculo de louvação aos três Reis Magos. Como todo bom espetáculo, no cavalo-marinho, os participantes ensaiam, têm um roteiro pré- estabelecido, mas nem sempre é seguido.

Os “atores” convidam a platéia para participar do auto. Mesmo sem saber os passos muito bem, as pessoas acabam arriscando um passo aqui outro ali. Não tem como ficar parado. Depois de todas as confusões de Mateus e Bastião, das encenações e danças, chega um dos personagens mais esperados, o Boi.

O animal, responsável pelo desfecho da apresentação, representa a fartura. De acordo com a “classe social” dos integrantes, as partes mais nobres do boi dançante vão sendo distribuídas: “A língua vai para Cristina, o coração, vai para seu João. O rabo vai para Ricardo...”, e assim por diante. Depois do banquete, o boi se vai e junto com ele todos os personagens que encantaram toda a platéia.

É preciso preservar


Que a tradição pernambucana é belíssima, isso não é novidade. Durante a apresentação do Cavalo-Marinho Boi Matuto, da Cidade Tabajara, em Olinda, uma figurinha chamou a atenção de todos os espectadores. Foi o pequeno Gabriel Salustiano de três anos.

O jovem é neto do Mestre Salu, um dos maiores nomes da cultura popular do Estado e um dos maiores incentivadores da preservação da tradição. O pequeno brincante, com certeza, herdou o dom do avô e já está envolvido com as manifestações culturais.

Hoje qualquer um pode fazer parte de um grupo de cavalo-marinho, mas nem sempre isso foi assim. Até pouco tempo atrás, os espectadores e turistas não podiam participar da apresentação. As mulheres também eram proibidas de participar do folguedo, dessa forma, cabia aos homens fazer os papéis femininos.

Maria de Fátima Rodrigues, a Nice do cavalo-marinho Estrela brilhante, como é mais conhecida por todos na cidade de Condado, na Zona da Mata Norte, foi uma das primeiras mulheres a integrar à brincadeira. “Sempre fui uma apaixonada pelo auto, mas só há uns seis anos eu pude quebrar a barreira que existia. Não é fácil romper com a tradição, mas hoje o toque feminino só vem a fortalecer ainda mais o reisado”, disse Nice, que ainda ressalta a importância da preservação do espetáculo, usado para formar cidadãos.

“Há mais ou menos cinco anos as crianças ficavam na rua sem ter o que fazer e consegui levá-las para a brincadeira. Quase ninguém aqui gostava muito do folguedo. As pessoas achavam chato e tinham vergonha de participar do cavalo-marinho, mas com a ajuda de alguns amigos eu pude provar que cada cultura tem suas particularidades e devemos ter orgulho daquilo que nos pertence, pois faz parte da nossa identidade”, disse Maria de Fátima.

As apresentações são indicadas para toda família. A professora Marleide Francelina Sales, 58 anos, sempre que pode, assiste aos espetáculos culturais junto com a neta Ana Beatriz Sales, de 6 anos. Para a educadora, Pernambuco é o estado com maior diversidade cultural do país e ter contato com as manifestações locais e difundi-las é um papel de todos, não apenas dos órgãos governamentais.

“Não devemos esperar pelo setor público para preservar o que é nosso. Se cada um fizer sua parte, o mínimo que seja, a cultura permanecerá viva. Por ser professora, sinto-me na obrigação de apresentar, de mostrar aos alunos as tradições pernambucanas, que não são poucas. A escola é o local de se transmitir conhecimento, mas o folclore e a cultura são pouco abordados pelas instituições de ensino”, lamenta Marileide.

Apesar das apresentações ocorrerem durante o período natalino, é possível ver o folguedo durante o ano inteiro. Mas, para Pedro Salustiano, responsável pelo Cavalo Marinho Boi Matuto, da Cidade Tabajara, em Olinda, as dificuldades encontradas pelos grupos para manter viva a tradição são muitas.

“O Governo vem ajudando alguns grupos, mas ainda é pouco. Falta patrocínio para irmos para outros estados, por exemplo. Mesmo assim sem incentivo vamos levando como dá. Embora muitas pessoas digam que o espetáculo vai acabar, não podemos deixar o show parar. O cavalo- marinho nunca morrerá’, disse Pedro.

Antes tarde do que nunca, parece que a brincadeira terá seu valor reconhecido por todos no país. O cavalo-marinho, junto com outras três manifestações pernambucanas, está prestes a ter sua preservação garantida.
A Fundação do Patrimônio Histórico e Artístico de Pernambuco (Fundarpe) encaminhou a candidatura do folguedo ao Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), órgão responsável pela nomeação como Patrimônio Imaterial. Com o título, o auto receberá mais incentivos governamentais e terá assegurada a sua divulgação e conservação.

Salu, o mestre dos mestres

(Foto: Julia Carlos)

Uma estrela brilhou no céu de Aliança no dia 12 de novembro de 1945. Nascia, nessa data, Manoel Salustiano Soares, ou simplesmente Mestre Salu, o filho mais ilustre da cidade da Zona da Mata Norte Pernambucana.

Foi na infância que aprendeu, com o pai, a fabricar e tocar rabeca. À medida que foi crescendo, foi aprendendo a dançar o folguedo natalino. De acordo com Pedro Salustiano, o Mestre Salu criou o Cavalo-Marinho Boi Matuto em 1968.

“Foi um dos primeiros folguedos organizado por meu pai. Foi a grande paixão dele. Depois do Boi Matuto ele começou a se envolver com outras tradições da cultura pernambucana, como o maracatu, ciranda e o coco. E foi trazendo todos esses universos para Olinda”, disse o herdeiro Salu.

Manoel Salustiano também foi responsável pela criação do Maracatu Piaba de Ouro, em 1997. Em 2001, fundou a Casa da Rabeca do Brasil, em Olinda. O espaço, dedicado a apresentações culturais, já existia há muito tempo, mas como uma tenda coberta de palhas de coqueiro. Em 2008, o local sediou o 14º Encontro de Cavalos-marinhos, reunindo os principais grupos brincantes.

O grande incentivador da cultura popular, já passou por vários países da Europa e pelos Estados Unidos e gravou quatro CDs: Mestre Salu e a sua rabeca encantada; Cavalo-Marinho; Sonho de Rabeca; e As três gerações. Durante sua trajetória, recebeu vários prêmios, entre eles, o Doutor Honoris Causa, em 1982, pela Universidade Federal de Pernambuco; e o Doutor em Cultura Popular, em 1991, pelo Conselho Estadual de Cultura de Pernambuco.

Além desses títulos, ele foi nomeado, em 2005, como Patrimônio Vivo do Estado, uma homenagem do Governo aos grandes artistas que ajudam a preservar e divulgar a cultura.

Salu se foi no dia 31 agosto de 2008, deixando milhares de fãs, que não são poucos, órfãos. “E a agora, depois da morte dele, os filhos estão dando continuidade ao trabalho de papai, todo esse legado que ele deixou para a gente”, disse Pedro, emocionado.

Mesmo com a partida do mestre, ele sempre permanecerá vivo na memória do povo pernambucano e, em especial, este ano em que o Governo do Estado o homenageou durante o carnaval. De uma ponta a outra onde a festa de Momo estiver ocorrendo, lá vai estar sendo lembrado o grande e inesquecível tocador de rabeca.

sexta-feira, 3 de abril de 2009

OFICINA ENSINA A ARTE DO TEATRO LAMBE-LAMBE

Estão abertas as inscrições para a oficina de construção do teatro lambe-lambe, ou de miniatura, como também é conhecida essa arte cênica, que consiste numa linguagem de formas animadas e utiliza como cenário uma caixa e bonecos pequenos. O objetivo do curso é repassar a técnica e difundir a arte, como uma releitura do teatro de formas criadas no Nordeste brasileiro na década de 1990.
A iniciativa é patrocinada pelo Banco do Nordeste, por meio do Programa BNB de Cultura 2009, que visa apoiar a produção e difusão da cultura nas áreas de música, literatura, artes cênicas, artes visuais, audiovisual e artes integradas ou não específicas. Na última edição, foram destinados R$ 3 milhões aos 192 projetos selecionados. Pernambuco teve 35 propostas aprovadas, o maior percentual em toda a área de atuação do Banco (Nordeste, Norte de Minas Gerais e do Espírito Santo). “O nosso sonho não sairia do papel se não fosse a ajuda do BNB”, disse Pedro Maurício Dias, responsável pelo projeto.
As aulas começam no dia 13 de abril e vão até o final de junho, sempre às segundas, quartas e sextas-feiras, das 19 às 22h. No final da oficina, os alunos vão montar um espetáculo aberto ao público. São oferecidas 20 vagas ao público em geral e o único pré-requisito é ser maior de 16 anos. As inscrições podem ser feitas até o dia 19 de abril, por telefone ou na sede do teatro Gato no Telhado, na rua Coronel João Lapa, 136, no Varadouro, em Olinda. Informações: (81) 3429-0212.

quinta-feira, 19 de março de 2009

EXPOSIÇÃO RETRATA OS “EUS” DA HUMANIDADE

As pinturas e esculturas expostas possibilitam uma viagem ao universo psicológico dos Eus que compõem o nosso ser e estar no mundo
Vai até o dia 27 deste mês, na Superintendência do Banco do Nordeste em Pernambuco (no Empresarial Apolônio Sales, 800, no bairro da Boa Vista, em Recife) a exposição itinerante de pinturas e esculturas EUS: Reflexões sobre o Ser e o Estar no Mundo, da psicóloga, artista plástica e funcionária do BNB, Marinalva da Silva (Marina). Ao todo são 40 obras que simbolizam os estados de espírito, valores e sentimentos humanos como, por exemplo, a solidariedade, a justiça e o amor.

As esculturas, inicialmente modeladas com argila, foram confeccionadas em resina cristal, pó de mármore, calcário, cimento e vidro temperado. Apesar de terem saído de uma mesma forma, o material utilizado, a cor escolhida, a base e até mesmo os acidentes surgidos durante o processo de criação, singularizam cada peça. Já as pinturas, que parecem aquarela, foram feitas com pigmento reciclado de revistas velhas e panfletos de propaganda, com uma técnica denominada pela artista, de esfuminho de palha de aço sobre papel canson. “Com a utilização dessa técnica o lixo se transforma em arte e ajuda a conscientizar para a necessidade de evitar desperdícios e para a preservação do meio ambiente”, ressalta.

Segundo Marina, as pinturas e esculturas expostas têm vida própria e são um pretexto para uma discussão acerca dos limites e possibilidades da existência humana. “A liberdade de expressão possibilitada pela arte pode resgatar o exercício da cidadania e permitir um maior respeito e uma convivência mais harmônica entre as pessoas, independente da condição econômica, social ou credo religioso” disse. A idéia desse projeto, patrocinado pelo Programa Cultura da Gente 2008 - destinado aos funcionários ativos e aposentados do Banco - surgiu há quase dez anos, a partir de uma outra exposição denominada EUS: Expressões de Um Mesmo Ser, realizada em 2000, no Centro Cultural da Universidade Católica de Pernambuco, no Recife.

Marina pretende levar a mostra para algumas as agências do estado, para algumas escolas públicas, centros comunitários e sindicatos de trabalhadores rurais, levando a arte ao alcance de todos.

quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

CIRANDA, CIRANDINHA, VAMOS TODOS CIRANDAR...


Você sabe o que é ciranda? É uma dança de roda, reconhecida, hoje, como uma das mais populares de Pernambuco. De acordo com a historiadora especialista em cultura popular, Bárbara Souto Maior, a dança veio de Portugal e criou raízes próprias em solo brasileiro. “Foi em Goiana, na Zona da Mata Norte, há mais de 200 anos, que ela se desenvolveu. Foram as mulheres dos pescadores da região que a adaptaram aos moldes pernambucanos. Elas cantavam e dançavam na areia da praia à espera dos maridos”, diz a historiadora.

Ainda de acordo com Bárbara Souto Maior, a ciranda era, essencialmente, praticada por adultos, mas é tão empolgante que acabou conquistando as crianças. As letras das músicas eram sempre muito tranquilas e seguiam os embalos das ondas do mar. “De Goiana, a dança de roda se expandiu para todo o Litoral Norte pernambucano e para outros estados do país conquistando, a cada dia, mais e mais adeptos. Hoje, única restrição é ficar parado”, ressalta.

Ao som, principalmente, da zabumba e do ganzá, as pessoas se juntam, de mãos ou braços dados, para formar um círculo e entrar no passo da ciranda. É preciso cruzar as mãos e os pés, jogando-os para frente e para trás, dando meia volta, volta e meia, para a roda girar no embalo da música. Como afirma o pesquisador e escritor Evandro Rabello, em seu livro Ciranda: dança de roda, dança da moda, há “uma infinidade de improvisações de passos, ao lado de outros caracterizados como tradicionais”.

Uma das cirandeiras mais conhecidas não só em Pernambuco, mas em todo Brasil, é Maria Madalena Correia do Nascimento, a Lia de Itamaracá. A importância dela na disseminação da dança de roda é tanta que ela ganhou uma música em sua homenagem, hoje eternizada em todos os lugares onde se forme um círculo para cirandar: “Essa ciranda quem me deu foi Lia, que mora na Ilha de Itamaracá. Estávamos na beira da praia, ouvindo as pancadas das ondas do mar...”. Bem, agora que você já sabe um pouco sobre a dança, que tal juntar alguns amigos formar uma roda e cirandar?

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

CONSTRUÇÃO DE RODOVIA NO MUNICÍPIO DE GOIANA VAI FORTALECER ATIVIDADE TURÍSTICA NA REGIÃO

Obra vai ligar as praias de Ponta de Pedra à Barra de Catuama e beneficiar moradores e turistas

Pernambuco tem um grande potencial turístico com seus ritmos, praias, centros culturais e monumentos históricos. Foi com o objetivo de atrair mais turistas e melhorar o acesso ao Litoral Norte que o Governo do Estado captou, junto ao Banco do Nordeste (BNB), R$ 1,3 milhão em recursos do Programa de Desenvolvimento do Turismo no Nordeste (Prodetur/NE II) para construção de uma rodovia, de 6 km, para ligar a praia de Ponta de Pedra à Barra de Catuama, no município de Goiana. A obra, que começou no final de 2008 e tem conclusão prevista para o final de fevereiro deste ano, é realizada pelo Governo de Pernambuco, com execução da Secretaria de Turismo, da Secretaria de Transportes e do Departamento de Estradas de Rodagem (DER).
Para o superintendente técnico do Prodetur, o engenheiro Benedito Parente, a obra vai fortalecer ainda mais a atividade turística e o comércio local. “A construção da rodovia tem uma importância extrema para todos nós que estamos envolvidos nessa empreitada. Ela trará uma série de benefícios para os moradores da região e os visitantes que vão poder trafegar com mais segurança e comodidade pela estrada, além dos cerca de 80 empregos diretos e indiretos que estão sendo gerados” disse o superintendente.
Parente ainda ressalta que estão sendo tomados todos os cuidados com a fauna e a flora local. “Não se pode pensar em progresso e crescimento econômico causando danos à natureza. A Agência Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (CPRH) fez um levantamento de todos os impactos ambientais que a obra causará e deu um parecer positivo autorizando a construção da rodovia”, completa.
Para o gerente geral da Agência do BNB Recife – Centro, responsável pela contratação, Almir Alves, a liberação do recurso vem fortalecer ainda mais a parceria do Banco do Nordeste com o Governo de Pernambuco. “Trabalhamos juntos para promover o crescimento do Estado, que vem se destacando na economia nacional. O turismo, com certeza, é uma porta de entrada de grandes investimentos para Pernambuco”, declarou o gerente.

TRÁFEGO SEM TRANSTORNOS

O estudante de história, Caio Martins, 26 anos, mora em Goiana desde que nasceu e já sofreu bastante com os problemas nas vias do município. “Ano passado levei o meu carro para oficina umas seis vezes porque o amortecedor sempre danificava quando eu transitava nas estradas. No inverno, o acesso fica ainda pior. Quem depende de ônibus sofre bastante também, pois as empresas de transportes coletivos diminuem a quantidade veículos na região, como se já não tivessem poucos. Espero que com a pavimentação todos os moradores possam trafegar com tranqüilidade e sem prejuízos”, disse o universitário.

BNB LIBERA R$ 5,3 MI PARA SÃO FRANCISCO TÊXTIL

O Banco do Nordeste (BNB) acaba de contratar o financiamento de R$ 5,3 milhões para a São Francisco Têxtil S/A.. Com os recursos, oriundos do Fundo Constitucional de Financiamento do Nordeste (FNE – Indústria), a empresa vai investir na compra de matéria-prima para a produção de fios de algodão e, partir disso, fortalecer a unidade fabril que tem cerca de 160 funcionários e vai contratar mais 30 pessoas para acelerar as atividades.
De acordo com a gerente da agência do BNB em Petrolina, Adeíva Lopes, a liberação de recursos vem estreitar mais o bom relacionamento entre o Banco e a empresa. “Este já é o oitavo financiamento que a São Francisco faz conosco. É uma prova de que temos as menores taxas de juros do mercado e os maiores prazos”, declarou a gestora.
Para o diretor da empresa, José Luiz da Silva, o financiamento captado junto ao Banco vai melhorar o faturamento da São Francisco porque, ao comprar o algodão à vista, vai conseguir descontos maiores com os fornecedores. “O crédito vai nos tornar mais fortes e competitivos nesse mercado que é tão exigente. E isso vai se consolidar graças ao BNB, nosso maior parceiro”, disse o diretor.

BANCO DO NORDESTE LIBERA QUASE R$ 15 MI PARA FORTALECER O SETOR INDUSTRIAL

Financiamento destina-se para investimentos da Reluz Nordeste

Em meio à crise financeira, as empresas vem buscando soluções para minimizar os impactos causados na economia mundial. Foi com o objetivo de fortalecer e ampliar seus negócios que a Reluz Nordeste Indústria e Comércio Ltda acaba de captar, junto ao Banco do Nordeste (BNB), R$ 14,8 milhões. Os recursos, oriundo do Fundo Constitucional de Financiamento do Nordeste (FNE-Industrial), serão aplicados para a ampliação do parque industrial da empresa no Distrito Industrial de Marechal Deodoro (AL), adquirir novos equipamentos e iniciar a produção de trióxido de molibdênio (substância usada na fabricação de fertilizantes).
Para o diretor de expansão do Grupo Produquímica, controlador da Reluz Nordeste, José Armando, o mundo todo está sofrendo com a crise econômica, mas a empresa está se prevenindo para não ser afetada. “Estamos tomando todas as medidas possíveis para minimizar os impactos. Enquanto a ordem, em muitas empresas, é demitir, no nosso caso é justamente o oposto. Com esse investimento, nós vamos contratar cerca de 70 funcionários, a princípio, e esse número pode aumentar ao longo dos meses seguintes”, disse o diretor.
Para o gerente da Agência de Paulista (responsável pela contratação), Jeová Lins, a ordem é liberar recursos para fortalecer a economia. "O objetivo do BNB é ajudar os pequenos e grandes empresários, e não seria diferente com o financiamento para a Reluz Nordeste, uma empresa forte na produção de produtos químicos. Temos o compromisso de oferecer, durante o ano inteiro, as menores taxas de juros e os melhores prazos do mercado", disse o gestor.