segunda-feira, 18 de maio de 2009

Salu, o mestre dos mestres

(Foto: Julia Carlos)

Uma estrela brilhou no céu de Aliança no dia 12 de novembro de 1945. Nascia, nessa data, Manoel Salustiano Soares, ou simplesmente Mestre Salu, o filho mais ilustre da cidade da Zona da Mata Norte Pernambucana.

Foi na infância que aprendeu, com o pai, a fabricar e tocar rabeca. À medida que foi crescendo, foi aprendendo a dançar o folguedo natalino. De acordo com Pedro Salustiano, o Mestre Salu criou o Cavalo-Marinho Boi Matuto em 1968.

“Foi um dos primeiros folguedos organizado por meu pai. Foi a grande paixão dele. Depois do Boi Matuto ele começou a se envolver com outras tradições da cultura pernambucana, como o maracatu, ciranda e o coco. E foi trazendo todos esses universos para Olinda”, disse o herdeiro Salu.

Manoel Salustiano também foi responsável pela criação do Maracatu Piaba de Ouro, em 1997. Em 2001, fundou a Casa da Rabeca do Brasil, em Olinda. O espaço, dedicado a apresentações culturais, já existia há muito tempo, mas como uma tenda coberta de palhas de coqueiro. Em 2008, o local sediou o 14º Encontro de Cavalos-marinhos, reunindo os principais grupos brincantes.

O grande incentivador da cultura popular, já passou por vários países da Europa e pelos Estados Unidos e gravou quatro CDs: Mestre Salu e a sua rabeca encantada; Cavalo-Marinho; Sonho de Rabeca; e As três gerações. Durante sua trajetória, recebeu vários prêmios, entre eles, o Doutor Honoris Causa, em 1982, pela Universidade Federal de Pernambuco; e o Doutor em Cultura Popular, em 1991, pelo Conselho Estadual de Cultura de Pernambuco.

Além desses títulos, ele foi nomeado, em 2005, como Patrimônio Vivo do Estado, uma homenagem do Governo aos grandes artistas que ajudam a preservar e divulgar a cultura.

Salu se foi no dia 31 agosto de 2008, deixando milhares de fãs, que não são poucos, órfãos. “E a agora, depois da morte dele, os filhos estão dando continuidade ao trabalho de papai, todo esse legado que ele deixou para a gente”, disse Pedro, emocionado.

Mesmo com a partida do mestre, ele sempre permanecerá vivo na memória do povo pernambucano e, em especial, este ano em que o Governo do Estado o homenageou durante o carnaval. De uma ponta a outra onde a festa de Momo estiver ocorrendo, lá vai estar sendo lembrado o grande e inesquecível tocador de rabeca.

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